Só os loucos, pintam o mundo, enxergando a beleza dos outros por dentro.
Não vigiam o coração nem a língua e apresentam fórmulas mágicas
para a cura de horrores.
Nós os poetas, os loucos, nos hipnotizamos com beijos e satisfazemos desejos
que causam delícias no corpo e na alma, sem nunca vacilar.
Transformamos rotina em alucinação, tirando da inspiração sonos quase tranquilos
e nos sentimos bem/mal, em qualquer lugar.
Lançamos emoções no ar que despoluem as idéias e somos capazes de rezar
por uma taça de champagne.
Somos tão sutís quanto indiscretos.
Nos deixamos seduzir pelo sol, sem dar importância aos danos que causam à pele.
lançamos os raios mais perfumados que se pode extrair dele.
Nós somos assim, almas em transe, que literalmente viajam. Vamps!
Feiticeiros solitários, nos tornamos anjos noite a dentro, tecendo sonhos,
tecendo poemas clássicos.
Temos um coração que não dosa sua função. Um coração anormal.
Envelhecemos precocemente, concentrados em sentimentos que não atenuam as rugas,
mas, inexplicàvelmente, previnem os sinais do tempo.
Nos rendemos à beleza da natureza e somos capazes de atingir o êxtase
vivendo o máximo do prazer que um desejo pode proporcionar.
Nós, os loucos, respondemos às frustrações alimentando ainda mais a ansiedade,
aspirando profundamente a normalidade, triunfando sôbre o silêncio,
jorrando lágrimas em vales secos, com o aval de Deus. Uma chuva de graças!
Em meio a tanta gente que tem fome de amor e todo dia se desespera mais um pouco
em torturante solidão, não fazemos a menor questão de distinguir o falso do
verdadeiro, porque rindo ou chorando, temos a mais plena consciência
de que o amor, é uma aventura, uma extravagância, um doideira.
O amor é um brincalhão insensato que nos faz perder a razão,
nos deixa loucos.
Um manicômio!
Mas só reconhecem os que são chamados poetas, os alienados mentais.
Ou... nem tantos? Nem todos?
Cecília Fidelli.
- do livro: Não Perecíveis.
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