-Doutor?!- Ele escutou ao longe a voz da serva, estava em um lugar distante via as pessoas mortas dilaceradas e ele estava entre elas, sangue e vísceras por todos os lados, ele foi andando por entre os cadáveres, de repente no meio da carnificina deu de cara com ele, um lobo com olhos vermelhos olhando-o fixamente, quando foi tentar tocá-lo viu que estava diante de um espelho e não conseguia ver seu reflexo só o do lobo:- Doutor, doutor?!-
O médico acordou do que parecia ser um transe, viu Elizandra segurando sua mão e gritando, olhou em volta e também se deu conta de que Miguel, Frederico e o português estavam estupefatos olhando pra ele e para o homem morto no divã:- O que faremos com esse homem?- O mais acertado a fazer é providenciar um enterro!- Miguel era um homem prático, mas ao proferir essas palavras todos se assustaram com a sua frieza:- O senhor é realmente um homem duro, de negócios senhor Miguel, mas preciso realizar alguns procedimentos com o cadáver antes de enterrá-lo!- Mas isso é absurdo!- E contra as leis de Deus!- A luz da ciência não meu caro, eu quero apenas realizar uma autópsia para saber a causa mortis da vítima em questão, já realizam esse procedimento na Europa!-Mas aqui na vila não!- Miguel Figueiroa ergueu a voz em protesto, ele e o médico se encaravam prestes a brigar, foi o pianista que os separou:-Chega, não vai haver autópsia não é autorizado nesse país, certo doutor?- O médico concordou, o corpo do pobre homem foi deixado no cemitério da vila, com os ânimos acalmados todos voltaram para suas casas, era noite de lua cheia.
Miguel Figueiroa passou a suar frio com o clarão do luar e correu para sua propriedade, logo depois ouviu-se um longo uivo.
CONTINUA...